A rotina do tédio

Uma carta aberta sobre ser desinteressante e consciente disso.

Sou.frida
2 min readMay 27, 2023
bored, boring, phone
Photo by Jorge Fernández on Unsplash

Há dias que sinto uma falta tremenda de escrever, eu quero escrever, mas quanto mais o tempo passa mais vejo que sou engolida pela rotina, trabalho — a vida em geral.

Quando percebo não escrevi nada. E nem sei sobre o que poderia escrever que seja interessante, pois, para isso, eu deveria ser interessante, mas sou o exato oposto disso.

Comparado com o mundo das redes sociais, do TikTok em especial, nada em mim é bacana para caber em 60s. A minha rotina é chata. Exaustiva. Acordo, trabalho, almoço, trabalho, vejo um seriado, trabalho, olho para o teto, cuido das minhas gatas, janto, assisto TV (ou leio algo) e durmo, ou tento dormir.

Puta rotina chata. Tão chata que me vejo me isolando dos amigos, porque não há nada de legal aqui. Afinal, 80% do meu dia é trabalhar. Quer coisa mais brochante que isso?

Quem diz que trabalho é legal, mentiu. Sem contar que segue ludibriado pelo sistema capitalista. Essa merda só está aqui para oprimir a gente. E sabe o pior? Eu ainda sonho em ser rica ao ponto de não precisar trabalhar, porque é isso que esse sistema quer.

Eles precisam que a gente sonhe com algo distante, mas tão distante que nos motive a continuar tentando. De vez em quando eles mostram uma pessoa fora da curva que alcançou esse status, mas tem que alcançar mesmo.

Por favor, não me venha com casos de pessoas que vivem confortavelmente, mas que se não tiver um emprego elas voltarão a passar perrengue. Porque elas não contam! Afinal, ainda fazem parte da classe trabalhadora. Mesmo que achem que não.

E é vivendo nesse ciclo de classe trabalhadora, mas que sonha com um pouco de paz, que me vejo desinteressante. Sem ter o que escrever ou conversar.

Acabo vivendo nesse ciclo, como se estivesse um roda de hamster, em que que quero escrever, mas não tenho nada bacana para falar; então sobre o quê vou escrever? A resposta é não escrevo, só continuo rodando na roda do dia a dia.

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Sou.frida

Uma constante contradição, jornalista por escolha, amante de viagens e catlover.